Buraqueira provoca governantes a agir e prejudica motoristas e pedestres

Foto: Gabriel Haesbaert (Foto)
Taxistas reclamam da precariedade da Rua Silva Jardim, próximo à Avenida Borges de Medeiros

A reclamação é um dos mais repetitivos desabafos da maioria dos motoristas e um antigo desafio de cada novo prefeito: a buraqueira da cidade.

A novidade, porém, é que, na última semana, até uma moção de repúdio aos buracos foi sugerida pelo vereador Marion Mortari (PSD), virou polêmica no Legislativo e deve ser votada no próximo mês. Como se não bastasse, um buraco protagonizou um caso de polícia, quando, na última terça-feira, um entregador de pizzas foi abordado e teve dinheiro, celular e comida roubada, por dois homens armados. O assalto aconteceu, segundo a Polícia Civil, porque o condutor diminuiu a velocidade da motocicleta devido aos desníveis da pavimentação da Rua Dom Atalício Pithan, no Bairro Lorenzi.

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A isso se somam carros estragados e sobram pedestres, que ingressam processos judiciais por conta de lesões decorrentes de tombos em vias em precárias condições de locomoção.

_ Faz seis meses que rompi o tendão ao tentar atravessar a rua na frente da minha casa e cair em um buraco. A prefeitura não faz nada aqui _ denunciou a comerciante Luana Silva, 26 anos, ao se referir a Rua Borges de Medeiros, enquanto mostrava o pé ainda machucado.

Perto dali, um grupo de taxistas também se indignava:

_Colocamos até um galho para enxergarem e a roda não cair em um buraco de um metro de profundidade. Quando chove, vai corroendo tudo ao redor e fica logo depois da rampa de acessibilidade. Na área onde a gente estaciona, também está impossível, pois está muito desnivelado. Já fizemos três protocolos na prefeitura _ conta o taxista Pedro Henrique Gomes, 47 anos.

A prefeitura, que há dias concretizou a negociação da renovação de contrato com a Corsan, alega que o acordo deve possibilitar, a curto prazo, o aporte de recursos para atividades de manutenção das vias públicas de Santa Maria, pois o valor de R$ 12 milhões de indenização da companhia deve ser investido em vias da área urbana e nos distritos. Outra ação é buscar, junto a órgãos federais, recursos e habilitação no programa Avançar Cidades, por meio do Ministério das cidades. A tratativa, que prevê um financiamento de R$ 50 milhões para as ruas de Santa Maria, começou em novembro do ano passado. Segundo o prefeito Jorge Pozzobom, o valor, que prevê a substituição de 88 quilômetros de asfalto velho, teve a liberação emperrada por conta da atualização do Plano Diretor Municipal, que já foi enviado à Câmara de Vereadores para apreciação.

_ O problema é a falta de dinheiro. No nosso primeiro mandato, só tínhamos para a folha de pagamento, além do gasto com saúde. Fiquei sabendo agora, em março, que precisávamos aprovar o Plano Diretor para avançar o Avançar (Cidades). O plano já deveria estar pronto há dois anos, desde a gestão passada. Mas tenho convicção de que a Câmara vai ser parceira da cidade e, uma vez aprovado, no outro dia, vou a Brasília.

INTERVENÇÕES
Segundo informações da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos, há constantes intervenções em ruas e avenidas da cidade e um cronograma de reparos (veja a seguir). Desde junho do ano passado, foi desencadeado um programa de ações emergenciais de restabelecimento de trafegabilidade, que deve se estender até 31 de dezembro de 2020.

Até momento, foram atendidas mais de 110 vias, que consumiram mais de 2 mil toneladas de massa asfáltica, em 30 mil metros quadrados de extensão. O custo estimado dos investimentos chega a R$ 1,2 milhão do orçamento do próprio município.

De acordo com a pasta, problemas como rachaduras e buracos decorrem de motivos como acréscimo da frota de veículos leves e pesados que circulam pelas vias, trânsito indevido de caminhões com elevada capacidade de carga, inclusive bitrens, deformações causadas pelos frequentes reparos em redes de esgoto e água, além da carência de recursos destinados aos serviços de repavimentação das vias asfaltadas.

As justificativas parecem não convencer os condutores:

_ É toda semana um buraco novo. A prefeitura até conserta, mas faz uma manutenção imediatista, não preventiva _ avalia o aposentado Rogerson Ruiz Gonçalves, 57 anos, ao deparar com um buraco na Rua Rigoberto Duarte, próximo à Tamanday.

Conforme a assessoria de comunicação da prefeitura, não foi firmada nenhuma parceria para atender ações emergenciais de restabelecimento da trafegabilidade.

Principais vias públicas da cidade com problemas na pavimentação asfáltica, conforme a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos